quinta-feira, 16 de junho de 2011

Feromônios

Uma resposta ao "amor a primeira vista!"

Por que será que, em meio a um bom número de pessoas, é aquela em especial que nos atrai? 

 A beleza aos nossos olhos, a inteligência ou a sensibilidade que nos revela ao falar, a sensualidade nos gestos, o que será? Chegamos mais perto e o encanto inicial se confirma ou não. Por que será?

São vários os fatores que determinam essa atração interpessoal, mas um deles, invisível e insensível, tem excitado a curiosidade dos neurocientistas: a possibilidade de que a espécie humana empregue feromônios para comunicar-se quimicamente com seus semelhantes.

Feromônios são substâncias inodoras produzidas pelos animais e depositadas no ambiente, capazes de influenciar o comportamento e o funcionamento orgânico de indivíduos da mesma espécie. Os camundongos machos, por exemplo, secretam na sua urina um tal metiltiometanotiol ou MTMT, que atrai as fêmeas e as faz investigar o ambiente em torno do emissor. As coelhas mamães secretam no leite um 2-metilbutenal-2, que determina nos filhotes a busca ativa pelas tetas.

 Nesses animais, já se identificou todo um conjunto de regiões do sistema nervoso envolvido nessa forma de comunicação química: é o chamado sistema vômero-nasal. Um setor da mucosa nasal, o órgão vômero-nasal, apresenta células sensoriais especiais dotadas de proteínas específicas incrivelmente sensíveis a baixas concentrações desses compostos.
Essas células sensoriais estabelecem comunicação com certos neurônios do cérebro, formando uma cadeia de circuitos que segue às regiões da memória, das emoções, e da coordenação hormonal que o sistema nervoso exerce sobre o organismo. Mas não se trata do sistema olfatório: esses mensageiros químicos não são percebidos conscientemente, embora influam bastante sobre o comportamento e a funcionalidade do corpo.


Existem feromônios nos seres humanos?

A questão que se coloca é a seguinte: existe essa forma invisível e insensível de comunicação química entre seres humanos? Evidências circunstanciais sugerem que sim. Um bom exemplo é o das mulheres que coabitam no mesmo ambiente (os colégios internos de antigamente, os orfanatos de hoje ou as prisões femininas) e acabam por ter seu ciclo menstrual sincronizado, todas juntas fase a fase.
Os neurocientistas que primeiro se interessaram por esse tema comprovaram a veracidade dessas observações incidentais. Duas psicólogas da Universidade de Chicago, Kathleen Stern e Martha McClintock, coletaram com cotonetes a secreção axilar de um grupo de mulheres durante diferentes fases do ciclo menstrual, mascararam o cheiro dos cotonetes com álcool e apresentaram a outro grupo de mulheres cotonetes só com álcool, ou cotonetes também com… cecê axilar.



O resultado da pesquisa sugeriu a existência de pelo menos dois feromônios com efeitos distintos: um, coletado antes da ovulação, encurtava o ciclo menstrual das mulheres receptoras; outro, coletado durante a ovulação, fazia o contrário: prolongava o ciclo das receptoras.

Mais recentemente, outro grupo de pesquisadores fez um experimento diferente: coletou o extrato axilar de homens e o submeteu a mulheres disfarçado com um certo perfume. O ciclo hormonal se modificou nas mulheres receptoras (mas não nas que receberam o cotonete só com o perfume). Além disso, ao responder a questionários padronizados, elas relataram diminuição da tensão do dia-a-dia e uma sensação agradável de relaxamento!
O problema é que não há vestígios de órgão vômero-nasal nos seres humanos, a não ser durante a fase fetal, nem regiões específicas no cérebro que processem essa forma de comunicação química. Também não foi possível identificar células sensoriais diferentes na nossa mucosa nasal e, além disso, o genoma humano contém pobres evidências de algum gene que codifique as moléculas receptoras dos feromônios, como se verificou em animais. Pode ser, entretanto, que em nosso caso o sistema olfatório esteja envolvido, isto é, sentiríamos algum cheiro diferente que os ferômonios veiculariam.


Time Magazine, 12/1/86
Estudos afirmam que os feromônios masculinos são bons para a saúde das mulheres
Copyright Time, Inc.
Por John Leo
Relatado por Robert Ajemian

"As mulheres que trabalham ou vivem juntas tendem a obter os seus ciclos menstruais sincronizados. Esse curioso fenômeno conhecido há anos pelos cientistas é muito comum nos seres humanos, tem sido suspeitado como uma indicação de que os seres humanos, assim como nos insetos e alguns mamíferos, comunicam sutilmente por aromas sexuais, conhecidas como feromônios. Na semana passada, pesquisadores na Filadélfia mostrou com dois relatórios que os aromas, incluindo odores axilares, afetam realmente os ciclos menstruais. Os relatórios veio com um chute na comunidade científica: perfumes (odores) masculinos desempenham um papel na manutenção da saúde das mulheres, em particular a saúde do sistema reprodutivo feminino. Pesquisadores do Monell Chemical Senses Center e da University of Pennsylvania School of Medicine descobriram que as mulheres que fazem sexo com homens, pelo menos uma vez por semana são mais propensas a ter ciclos menstruais normais, menos problemas de infertilidade e uma menopausa mais branda do que das mulheres celibatárias e das mulheres que têm relações sexuais raras ou esporadicamente.
O que significa de tudo isso. "O que estamos dizendo aqui é que os homens são realmente importantes para as mulheres", disse Winnifred Cutler, uma bióloga e especialista em endocrinologia comportamental que conduziu o estudo juntamente com o Químico Orgânico George Preti. "Se você olhar todos os dados, a conclusão é convincente. Um homem ou a sua essência parece ser essencial para um sistema fértil ideal."

Newsweek, 1/12/87.
A química entre as pessoas: o nosso corpo é afetados pelo cheiro de outra pessoa?
Copyright Newsweek Magazine
Por Terence Monmaney com Susan Katz

O ar está carregado com segredos, com um íntimo, invisível, inódoro e inaudível odor. Pronto! Uma traça fêmea anuncia a milhas de distancia ao macho, que está ansiosa para acasalar. Uma cadela no calor do cio exala seu odor, e os machos por toda a vizinhança são atraídos por esse cheiro, indicado o caminho para eles.
Em criaturas tão diferentes como insetos e cães, as mensagens de vida ou morte são transmitidas através de um química especializada, conhecido como um feromônio - uma substância que funciona como hormônio, mas quando liberado por um indivíduo faz mudanças na fisiologia ou comportamento de outro.
Desde que os cientistas descobriram feromônios 30 anos atrás, eles encontraram uma comunicação química, em centenas de espécies - das traças, ratos indo até aos macacos. E o homem? Será que nós, os grandes comunicadores, também fazemos uso de tais sinais potente e sem ambiguidades? Existe literalmente uma verdade dessa noção de que quando as pessoas se dão contas desse efeitos por causa dessa química "direita"?
Pesquisadores de feromônios em mães disse uma vez, o que atrai seu bebê para os seios é esse hormônio. Mas a ideia dos feromônios em humanos é intrigante,assim as dezenas de estudos que abordaram essa possibilidade, nos últimos 10 anos foram decepcionantes: ninguém havia estabelecido além de uma possibilidade de que os feromônios humanos existam.
Agora, dois novos estudos estão agitando o debate com os feromônios, ainda mais ousado. Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia e do Monell Chemical Senses Center, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos na Filadélfia, afirmam que as pessoas produzem feromônios nas axilas que podem influenciar os ciclos menstruais.
Um estudo, feito pelo químico e biólogo George Preti e Winnifred B. Cutler, não é o primeiro de seu tipo, mas eles são os primeiros a apresentarem estudos rigorosos suficiente para serem publicados em uma respeitada revista científica, Hormones and Behavior.
Em um estudo, os pesquisadores coletaram secreções das axilas dos homens que usavam uma almofada em cada axila. Essa "essência masculina", (feromônio), então, esfregado, três vezes por semana, sobre os lábios superiores de sete mulheres cujos ciclos normalmente duravam entre 26 dias ou mais de 33. No terceiro mês de tratamento, a duração média dos ciclos menstruais das mulheres começaram a se aproximar do ótimo, por volta dos 29,5 dias - a duração do ciclo e com maior fertilidade.
Cutler chegou a essa conclusão: "Essa essência masculina" contém, pelo menos, um feromônio que "ajuda a promover a saúde reprodutiva".

As influências dos feromônios no comportamento animal e humano 

 parte 1 

parte 2

parte 3
parte 4
parte 5(final)


curiosidades

As fêmeas utilizam os feromônios para comunicar aos seus pretendentes que está no cio e precisam acasalar. Por essa razão os machos de alguns mamíferos, tais como o boi e o cavalo, têm o hábito de cheirar e beber a urina das fêmeas para detectar seus teores hormonais e descobrir se elas estão no estro ou próximo de entrar nessa fase. O elefante, por exemplo, toca com a tromba a urina da fêmea e em seguida, a leva a um órgão localizado no céu da boca chamado vomeronasal, para que esse entre em contacto com as moléculas do hormônio e o seu odor seja conduzido até o cérebro para análise. O feromônio encontrado na urina da elefanta é o Z – 7 – dodecenil – 1 – acetato. Já os insetos, por exemplo, utilizam suas antenas que funcionam como nariz para captar os odores de feromônios. O gambá esguicha a partir de glândulas circum-anais (localizadas ao redor do ânus) jatos de substâncias de odor pútrido contendo feromônios que afastam seus inimigos. Especialmente entre os insetos como as abelhas, a ação dos feromônios é bem conhecida. A abelha rainha produz feromônios sexuais que inibem o desenvolvimento das gônadas sexuais das abelhas operárias. Assim, somente a rainha pode se reproduzir na colméia. Nas espécies de porcos, cabras e especialmente entre os ratos, a presença de machos com algum grau de parentesco inibe o desenvolvimento sexual das fêmeas. O contrário se sucede quando machos que não têm nenhum grau de parentesco convive no mesmo ambiente. Os camundongos machos secretam na sua urina um tal metiltiometanotiol ou MTMT, que atrai as fêmeas e as faz investigar o ambiente em torno do emissor. As coelhas mamães secretam no leite um 2-metilbutenal-2, que determina nos filhotes a busca ativa pelas tetas.


O odor (cheiro) dos feromônios é levado pelo ar e, muitas vezes, é capaz de atingir um indivíduo a quilômetros de distância. Algumas espécies de mariposas, por exemplo, são capazes de sentir o odor dos feromônios de sua espécie a, aproximadamente, 20 km de distância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário