sábado, 27 de agosto de 2011

TERRA 8,7 MILHÕES DE ESPÉCIES

Grande maioria ainda está sem identificação.


     Washington, 23 ago (EFE).- Uma equipe multidisciplinar de cientistas revelou nesta terça-feira que a Terra teria 8,7 milhões de espécies, segundo um estudo realizado com uma nova técnica que permitiu fazer o censo animal mais exato até o momento.
Segundo as estimativas de um grupo de cientistas do Census of Marine Life publicadas em um artigo na revista "PLoS Biology", no planeta haveria 6,5 milhões de espécies na terra e 2,2 milhões (um 25% do total) nas profundezas do oceano.

Até agora, diferentes pesquisas tinham dado uma estimativa entre 3 e 100 milhões, mas para os cientistas é fundamental ter um dado mais preciso para poder conhecer as espécies antes que desapareçam. "A questão de quantas espécies existem intrigou os cientistas durante séculos", assinalou Camilo Mora, professor da Universidade de Dalhousie em Halifax (Canadá) e autor do estudo.

Mora destacou que "é especialmente importante conhecer a quantidade de espécies agora porque a atividade humana e sua influência (na natureza) têm um impacto na aceleração da extinção". Segundo seus cálculos, aproximadamente 86% das espécies terrestres e 91% das marinhas ainda não foram descobertas.

O estudo se baseou na identificação de padrões numéricos no sistema de classificação taxonômica, que cria grupos em uma hierarquia piramidal por reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie.

A equipe analisou 1,2 milhão de espécies recolhidas nos Catálogos da Vida e o Registro Mundial de Espécies Marinhas e descobriram uma relação numérica entre os níveis taxonômicos superiores e o nível de espécie.

"Descobrimos que utilizando os números dos grupos taxonômicos superiores podemos prever o número das espécies", indicou o doutor Sina Adl da Universidade de Dalhousie, co-autor do estudo.

Adl assinalou que com este método puderam calcular com exatidão o número de espécies em vários grupos bem documentados, como os mamíferos, os peixes e as aves, o que demonstrou a validade do método.

"Muitas espécies podem desaparecer antes que sequer saibamos da sua existência, seu nicho e sua função nos ecossistemas, assim como de sua possível contribuição para melhorar o bem-estar humano", advertem os pesquisadores.

No total, calculam que há 7,77 milhões de espécies de animais, dos quais 953.434 já foram descritas e catalogadas, 298 mil espécies de plantas, das quais já registraram 215.644, e 610 mil espécies de fungos, dos quais 43.271 também estão registradas.

Além disso, haveria 36,4 mil espécies de protozoários dos quais se descreveram 8.118. A eles seria preciso somar 25,7 mil espécies de Monera, que inclui espécies de algas pardas e mofos aquáticos, entre outros, dos quais 13.033 se descreveram e catalogado, e o resto seriam organismos aquáticos.



A catalogação de todas estas espécies poderá levar 1200 anos, ocupar 303 mil taxonomistas e custar 252 mil milhões de euros. Além disso, muitas espécies poderão extinguir-se antes de serem descobertas pelo homem.

O novo cálculo apresentado é considerado um dos mais confiáveis até ao momento e baseia-se no sistema desenvolvido por Carl Lineu, no século XVIII. Neste sistema, todas as espécies estão incluídas em grupos cada vez maiores que incluem espécies semelhantes.

Assim, para chegarem aos 8,7 milhões de espécies, os investigadores olharam para a árvore da vida que faz agrupamentos artificiais cada vez maiores e mais gerais das espécies. Os humanos pertencem à espécie Homo sapiens, ao género Homo, à família dos hominídeos (como o chimpanzé), à ordem dos primatas (juntamente com o lémure), à classe dos mamíferos (onde se inclui por exemplo o gato), ao filo dos cordados (que inclui peixes, aves ou répteis) e, finalmente, ao reino dos animais, como as formigas, as anémonas e as lombrigas.

A árvore da vida para os animais inclui um reino, 32 filos, 90 classes, 493 ordens, 5403 famílias e 94,240 géneros. As espécies até agora descobertas são 953.434. Mas, quando a equipa do Canadá desenhou um gráfico com o número de cada nível da árvore, verificaram que se formava uma curva bem desenhada que previa a existência de 7,77 milhões de espécies de animais.

Depois de aplicarem a mesma estimativa a todas os reinos da vida, que inclui, entre outros, plantas e fungos, chegaram ao número total de espécies. Ao todo, 91 por cento das espécies que povoam os oceanos e 86 por cento das que estão em terra ainda são desconhecidas. Ou seja, já estão catalogados 1,32 milhões de espécies.



“Apesar dos 250 anos de classificação taxonómica e de mais de 1,2 milhões de espécies catalogadas numa base de dados central, os nossos resultados sugerem que cerca de 86 por cento das espécies terrestres e 91 por cento das espécies dos oceanos ainda esperam uma descrição”
 
Adicionar legenda
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário