Existem alguns indivíduos seropositivos, cerca de 5% que nunca chegam a desenvolver a SIDA, mesmo não tomando antiretrovirais. Esse fenómeno tem sido um mistério para a ciência. Agora, um grupo de investigadores do Hospital Clínic, em Barcelona, publica um estudo na «PLoS One» onde revela novidades sobre este fenómeno.
O segredo está no funcionamento do sangue, onde se esconde uma família de células do sistema imunológico, as dendríticas. Aí, as moléculas alfa-defensinas concentram-se em quantidade até dez vezes superiores à dos restantes infectados pelo vírus.
No estudo agora publicado, os investigadores explicam que nesta minoria de indivíduos, designados «controladores de elite», o sistema imunológico não sofre a progressiva destruição que o HIV empreende no próprio dia em que invade o organismo.
A maior parte dos indivíduos afetados, se não receber tratamento, fica com o sistema imunológico destruído em dois ou três anos após a infecção e começa a sofrer de inúmeras infecções e tumores.
No início, a infecção é igual para todos, sejam eles «controladores de elite» ou não. Algumas horas depois de entrar numa primeira célula sanguínea,
o HIV faz 500 mil cópias de si próprio.
Apesar de essas cópias morrerem na luta com as células do sistema imunitário, o vírus continua a autoreproduzir-se até estabilizar com uma presença constante de 50 mil cópias por mililitro de sangue.Na minoria de infectados, este processo pára pouco depois a infecção ter início. As moléculas alfa-defensinas das células dendríticas não permitem que o vírus complete a sua viagem através do sistema imunitário. Sem tomar qualquer medicamento, os «controladores» continuam durante anos com apenas 50 cópias do vírus por mililitro de sangue.
Os investigadores acreditam que incentivando a acção das células dendríticas era possível que o HIV não invadisse o resto do sistema. Estas células são a primeira barreira defensiva que é destruída e são elas que o vírus utiliza como veículo para entrar nos gânglios linfáticos.
As alfa-defensinas, que podem ser descritas como a antibióticos naturais, são consideradas uma barreira eficaz contra toda a classe de vírus. Mas até agora desconhecia-se a sua elevada presença no sangue dos controladores.
O responsável pelo estudo, Josep Maria Gatell, explica que“quantas mais cópias de alfa-defensinas se tem, melhor se controla do HIV”. Os investigadores querem agora encontrar um método que estimule a produção dessas moléculas nos restantes indivíduos infectados e assim consigam tornar-se também eles «controladores de elite».
Comparação dos níveis de alfa-defensinas |
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